Narrar uma história é quase uma arte. Você necessita
de uma boa idéia unida a um objetivo. Pesquisar sobre o assunto a ser
tratado para aprimorar a sua idéia. Organizar a seqüência das ações para
formar uma corrente de cenas. Saber como são seus personagens em
aspectos físicos e psicológicos. Identificar o clímax e o desenlace.
Acelerar e congelar o tempo e espaço nos momentos certos, entre outros.
Enfim, toda base teórica na construção de um enredo é possível encontrar no livro da Silvia Adela Kohan – Como Narrar Histórias
– Da imaginação à escrita: todos os passos para transformar uma idéia
num romance ou num conto. – traduzido por Guilherme Perrisé pela editora
Gutemberg. Adquiri um exemplar na 5ª Fantasticon, que foi realizada nos
dias 12 à 14 de Agosto de 2011.
Vou argumentar um dos vários tópicos que são abordados no livro: tipos
de narrativas. E gostaria de compartilhar com vocês esta dica para
melhorarem as suas sessões. Este artigo requer a atenção de veteranos e
novatos.
Utilizando a citação da página 56, do capítulo 5: A voz que Narra eis o seguinte conceito de setes funções do narrador.
1. Narra a história.
2. Organiza os fatos numa determinada ordem e com um sentido.
3. É testemunha e informa sobre a veracidade dos fatos, sua procedência, as condições de seu aparecimento.
4. Cria um esquema de valores, um olhar sobre o mundo segundo uma certa perspectiva.
5. Expressa-se num certo tom de voz.
6. Estabelece uma função com os personagens, em suas diversas dimensões.
7. Estabelece uma relação com os acontecimentos: participa como
protagonista ou como testemunha, ou se mantém à margem de tudo, como um
ser onisciente.
Consciente desta definição agora é o momento de apresentar os tipos de
narrativas. O livro aborda três tipos: o protagonista, a testemunha e o
onisciente. No caso do onisciente vou apenas informar o clássico. Vamos
compreender estes conceitos:
Narrador protagonista:
Este tipo de narrador é o personagem que conta a história em primeira
pessoa. Todas as ações envolvem diretamente a ele. A história de sua
vida é o conteúdo da história. Ele atua de várias formas sejam elas
diretamente – executando ações motoras – ou apenas observando. Quando
estamos lendo ou escutando esta narrativa sentimos que somos os
protagonistas.
Exemplo: Eu andava em uma floresta densa, sem rastro
de trilhas. Não sabia identificar nenhum tipo de árvore. Todas eram
semelhantes aos meus olhos. Olhei para o alto. Percebi que a copa das
árvores atrapalhava em deslumbrar a lua minguante, que por sinal
lembrava a minha amada.
Narrador testemunha:
Este tipo de narrador sempre intervém como o observador da história. O
interessante é que o observador não possui todo o conhecimento sobre os
demais personagens, a não ser que os dois já haviam se encontrado.
Lembrem-se em filmes de perseguição policial em que observamos de longe o
protagonista saindo de sua residência e logo após aparece o
investigador dentro do carro observando. É daquela forma. Você é o
investigador.
Exemplo: Avenida Afonso Pena, altura do bairro
Gameleira, Sábado as 23:39 de Domingo, próximo ao acesso do prédio da
Telefonia Oi. Um homem acabava de sair do prédio. Caminhava com um traje
executivo, mas era perceptível a sua face de medo. Girava o pescoço num
vai e vem. Parou, e exaustivamente olhou para o relógio. Fez um sinal
com o seu braço erguendo a sua maleta. Um carro luxuoso com vidros
escuros estaciona próximo dele. Em seguida o homem entra no carro. É o
momento de entrar em ação.
Narrador onisciente clássico:
É uma das formas, mas comuns de narrativas. Sabe de tudo o que
acontece, está em vários lugares ao mesmo tempo. Invadem a mentem dos
personagens e descobrem tudo que pensam e sentem. Faz opiniões,
intromete até julga.
Exemplo: “Eu não suporto mais estes alunos” – Este foi
o meu primeiro comentário após a aula inaugural de inglês, pensava
Augusto Rodrigues. Em um relance olhou-se para janela e pelo reflexo
imaginou a situação vivida há 24 anos. “Eu não suporto vocês!” – Disse o
professor de literatura estrangeira na universidade. E complementou –
“Quando estiverem no meu lugar, vocês irão dizer as mesmas palavras”.
“Agora me arrependo das minhas atitudes. Estou completamente envergonhado!” – Finalizou Augusto.
Conclusão:
Com estes três modelos é possível você aprimorar a qualidade narrativa
de seus RPG’s. Se você possuir alguns NPC’s aplique-se a idéia do
narrador testemunha, e dará bem não informando aos jogadores tudo sobre
os fatos da cena. Seja um narrador onisciente em cenas de batalhas
interpretando algumas ações e interrompendo-os quando necessários para
narrativas cinematográficas. Quando for a vez do jogador agir. Deixa-o
interpretar na forma do narrador protagonista. Ele vai relatar o seu
enredo, a sua vivência.
Vamos começar a praticar estas dicas? Até a próxima.
Bibliografia:
KOHAN, Silvia Adela. Como narrar uma História: Da imaginação à escrita:
todos os passos para transformar uma idéia num romance ou num conto.
Tradução: Guilherme Perrisé. Editora Gutemberg, 2011, p. 56-62
http://www.rpgonline.com.br/narrativo/dicas-de-rpg-narrativo/identifique-o-seu-estilo-de-narrativa/ 18/10/2011
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