terça-feira, 27 de março de 2012

Conto especial.









Autor: Jeeff
Todos os direitos reservados.
Obra original.






Parte 1 Maldição.

U
ma pequena cidade cercada de vales e vegetação densa, um rio que a corta ao meio e com aproximadamente 1000 habitantes. Um pouco pacata como qualquer outra cidadezinha, sua população tem seus próprios costumes e crenças. Contrastando com os casarões antigos, casas modernas. Juntas, essas construções se misturam pelas ruas e se tornam as principais atrações para os viajantes que por ali passam, procurando lugar para se hospedar. Muitos destes casarões estão à venda, mas se acredita que uma maldição os ronda desde 1885, depois que duas famílias surgiram mortas logo após comprar alguma destas casas. Desde então, ninguém da cidade se arriscou a comprar uma.
      Lenda ou não, o fato é que à noite veem-se pessoas nas ruas correndo de pavor ao passar perto dessas casas.
      É manhã do dia 18 de julho de 2006, quando Emily acorda ainda com dor nas costas, dormira no banco de trás de seu fusca ano 83, de cor verde e com alguns detalhes em cinza. Sem ter onde dormir, ela estacionou o carro a beira da estada e improvisou uma cama no banco traseiro. Ela se levantou e organizou tudo antes de voltar a dirigir e seguir caminho até Belrimor.
      Ficou sabendo da existência da cidade através de um amigo, e como é apaixonada por coisas antigas resolveu morar lá, já que havia desistido de morar de aluguel.
      O caminho até Belrimor durou 12h, já que ela teve de parar para dormir. Ao chegar à cidade, Emily foi bem recebida pela população agradável que ali residia. Mas, foi só comentar sobre os casarões, que a feição das pessoas mudou. João Hildet, um dos mecânicos que passava por ali no momento, a advertiu sobre a possível maldição que rondava estas casas, porém, Emily não era supersticiosa, não acreditou em nenhuma lenda que já lhe contaram, não seria esta, que a iria lhe fazer acreditar.
      Depois de muito insistir e de receber advertências dos moradores, ela conseguiu que lhe falassem quem era e onde morava o corretor de imóveis da cidade. Já era quase noite quando toda a cidade se reunia em frente ao casarão escolhido por ela. A casa de número 143, localizada na rua das flores, era a mais conservada e antiga da rua. Parecia que o tempo não lhe havia afetado, por fora, algumas coisas pareciam estar em perfeita ordem, a não ser por algumas vidraças quebradas e cerca de três rachaduras nas paredes, fora isso tudo estava aparentemente normal, nada que uma pequena reforma não resolvesse.
      Nada saía da boca das pessoas enquanto ela caminhava em direção à porta, e a abria – estavam assustadas-. Já dentro da nova casa, ela acendeu as luzes e todo aquele silêncio de outrora havia se transformado em uma grande agitação por parte dos habitantes que ali estavam, mas Emily não deu bola, já havia decidido morar ali com ou sem a tal história de maldição.
      A visão que ela teve do interior do imóvel era bem diferente do que imaginara. Os móveis dos antigos donos ainda estavam por lá, porém não destruídos, estavam cobertos por um plástico que, a seu ver, tinha-os conservado durante todo esse tempo. Espalhadas nas paredes havia várias fotos dos antigos moradores, o que deixou Emily um pouco assustada, todas aquelas pessoas ali fotografadas pareciam estar olhando fixamente para ela. O primeiro andar era o que mais lhe interessava naquele momento, precisava achar um quarto para dormir, a dor nas costas que sentira antes só piorou com o fusca e ela precisava de um pouco de repouso. Ao subir pela enorme escada central, a moça se deparou com um corredor que ia de leste à oeste e oito portas dividiam espaço na parede.
      Das oito portas, a única em que ela não pode entrar era a primeira que se via ao subir a escada, parecia estar trancada. Quatro quartos, dois banheiros e um quarto de brinquedos, esta última continha desde bonecas e carros antigos a um berço para bebês, alguns brinquedos estavam guardados nas estantes e outros espalhados pelo chão como se alguém houvesse brincado com eles antes dela chegar a casa, porém esse pensamento era loucura, pois todo o quarto estava coberto por uma espessa camada de poeira. Em um dos quartos, Emily jogou suas três malas sobre a cama e as desfez.
      Após tirar todo aquele plástico que cobria as coisas, ela pode ver que a decoração do quarto em nada diferia do restante da casa: móveis rústicos com detalhes feitos à mão e mais fotografias. Uma cama de casal dividia espaço com um enorme guarda-roupa, uma mesa com alguns suportes para maquiagem, como também, um espelho de tamanho mediano que acrescentava toda uma beleza aquela mesa rústica, na parede, além das fotografias, duas cortinas se abriam para uma grande janela, que por sua vez exibia a visão da parte dos fundos do casarão, e mais além, da outra rua. Depois de tudo ser colocado em seu devido lugar dentro do guarda-roupa, Emily decidiu ir tomar um banho antes de ir dormir.
      O banho teria sido tranquilo, a não ser pelo fato estranho que havia ocorrido. Após entrar na banheira e começar a se lavar, Emily ouviu risadas de crianças, poderia jurar que estavam correndo dentro de sua "nova” casa, porém, ninguém mais entraria ali a não se ela, então, em um ato impulsivo ela gritou:
- Saiam já da minha casa seus pirralhos!!
      As luzes se apagaram e as risadas cessaram. Casas antigas são assim mesmo, de manhã dou um jeito nisso. -pensou-. Entretanto, o silêncio que se fez, rapidamente foi tomado por repetidas frases que pareciam sair da boca de crianças, e que elas estavam ali ao seu lado: - Saia daqui! Esta não é sua casa! Você não é bem vinda. As luzes piscaram repetidamente, Emily apavorada por não ver ninguém e mesmo assim as ouvir, pegou a toalha e correu para o quarto. Tudo ficou escuro.
      Trancou a porta por dentro, e tentou desesperadamente acender o abajur da mesa com espelho, mas o que parecia impossível aconteceu quando as luzes voltaram ao normal. No desespero, a moça ainda pode ver no espelho, a face de uma garota atrás dela milésimos antes de tudo clarear e a imagem desaparecer. Emily desmaia.
      Com o dia ainda surgindo por volta das 5h15min, a jovem desperta subitamente como se voltasse à vida. Com os sentidos um pouco alterados ela deitou-se na cama, para um repouso que poderia lhe fazer melhor. Horas depois ela já estava na rua para conhecer sua nova cidade, Belrimor. Pensara que o ocorrido na noite anterior fora apenas um sonho, e que ela simplesmente havia desmaiado.
      Logo após virar a primeira esquina da rua das flores, Emily notou que, as pessoas que por ali passavam, cochichavam algo sobre ela, o que não era difícil de perceber porque todos olhavam para a jovem depois de cochichar algo.
      A visão que tivera a seguir era do que se pode dizer centro daquela pacata cidade, já que ficava em um dos lados daquele município cortado pelo rio. Estava agora em um dos sentidos da Rua Vermelha, a principal rua da cidade. Uma praça com algumas árvores, coqueiros e grama bem cuidados, bem como bancos de madeira espalhados entre as sombras formadas pela vegetação ali plantada, até então, era o que mais lhe chamava a atenção. Ao fundo, podiam-se ver o mercado e o posto de gasolina. À esquerda da praça, uma igreja católica em estilo gótico parecia lhe chamar o que já era de se esperar, já que coisas antigas a fascinavam.
       O sino da igreja badalou dozes vezes anunciando que o meio-dia havia chegado, e os que por ali estavam, seguiram em sua direção. Uma missa estava para começar.
      A construção lhe trazia à mente memórias de sua infância, com seus pais.
      Não tardou e Emily já havia adentrado o até então local sagrado. As portas fecharam. Percebeu-se dentro de total escuridão, que aos poucos foi se dissipando com o acender de velas no chão e nas paredes. No centro do salão, um altar de adoração se erguia manchado de sangue e com mais velas acesas em seu redor. As pessoas a sua frente, estavam agora de mãos dadas e formavam um circulo em torno do altar, enquanto Emily se escondia atrás de um dos pilares, e continuava a observar. Silêncio...

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