sexta-feira, 4 de maio de 2012

Shigeru Miyamoto - O criador de Super Mario, Zelda e Donkey Kong


      Ele pode ser comparado a Steven Spielberg, Walt Disney ou Steve Jobs. Porém, Shigeru Miyamoto, o criador de games mais importante e influente da história, não vê a si mesmo como um artista. “Somente tento divertir as pessoas.”

      Este japonês de 59 anos, que trabalha para a Nintendo  há mais de 30, é uma figura colossal dentro de uma indústria na qual os autores estiveram durante décadas na sombra e que somente agora, quando os games saíram dos becos e alcançaram a massa – em grande parte graças ao trabalho do próprio Miyamoto – começam a obter o merecido reconhecimento. Criador de títulos tão emblemáticos como “Donkey Kong”, “Super Mario”, “Zelda ou “Wii Fit”, que em conjunto já venderam mais de 400 milhões de cópias, Miyamoto demonstrou há alguns meses que suas palavras podem ser dissecadas em cada milímetro. Um comentário feito em uma entrevista sobre sua possível saída da empresa em um ou dois anos fez com que as ações da Nintendo caíssem em mais de 3%, fazendo com que a própria Nintendo tivesse que sair à público e amenizar as declarações.


      “Todos nós envelhecemos. Eu estou quase cumprindo 60 anos. Nos últimos anos tenho dito ao pessoal dentro da Nintendo: ‘Vou ter que me retirar em algum momento. Temos que estar preparados.’Por isso estou dando mais responsabilidade aos meus companheiros mais jovens. Porém houve um mal entendido com o que eu disse. Sigo em atividade”, assegura Miyamoto na entrevista dada ao jornal espanhol El Mundo, em Paris, onde apresentou o último projeto no qual participou: um guia interativo que o museu do Louvre utilizará, com um Nintendo 3DS, substituindo os tradicionais áudio-guias.

As ideias dos mais jovens do time estão cada vez mais na linha da visão que tenho das nossas franquias (Mario, Zelda, etc.), o que de certa maneira é um pouco triste porque significa que o meu aporte já não é tão necessário”, relata, plenamente consciente, e grato por saber que seus personagens sobreviverão à sua retirada.
Uma infância de mangá e cavernas
      Uma das peculiaridades em qualquer entrevista com Miyamoto é que lhe é estritamente proibido responder sobre quais são os seus hobbies, já que são uma de suas principais fontes de inspiração, e que utilizou durante toda sua carreira. Por exemplo, Wii Fit, um jogo no qual mediante uma plataforma chamada Wii Balance Board,  se realizam exercícios na frente da televisão, surgiu por seu gosto de realizar exercícios e manter um registro do seu peso com a sua família.


      Miyamoto, quem pessoalmente aparenta ser mais jovem do que o é na realidade, nasceu em uma pequena cidade perto de Kioto, e recriou as belas paisagens em que na sua infância se perdia, como cavernas, templos e bosques, na saga “The Legendo of Zelda”,

      Sua paixão por mangá, que foi sua primeira vocação antes de entrar no mundo dos games, o que também é outra influência evidente no seu trabalho. “Meu pai era professor do colégio, o que me fazia ter certa oposição com relação ao ócio eletrônico. Mas a verdade é que ele se mostrou de forma muito positiva sobre a possibilidade de ir trabalhar em uma empresa de verdade, e minha mãe sempre me apoiou nos meus planos de fazer coisas estranhas”, explica sobre a reação de seus pais quando entrou para a equipe da Nintendo, a gigante dos games que começou como uma empresa de cartões.

      Seu aporte na década de 80 para o mundo dos games foi crucial. Super Mario, o jogo que desenvolveu para o primeiro console da Nintendo, o NES de 8 bits, vendeu como água, ressuscitando uma indústria que esteve à beira do colapso com a quebra do Atari.


      O curioso é que 30 anos mais tarde, Miyamoto e Nintendo voltaram a reinventar o setor com o controle sensível ao movimento do Wii e vários outros títulos, como o mencionado Wii Fit ou o Nintendogs, que lograram ampliar massivamente o público tradicional dos games e a sua idade.

Concorrência dos celulares

      No entanto, agora a empresa enfrenta uma emergente concorrência muito maior do que a oferecida até agora pelos seus rivais, Sony e Microsoft. São os smartphones e os tablets, dois dispositivos nos quais o consumo de games cresce exponencialmente. Alguns especialistas consideram, inclusive, que a nova geração de consoles poderia ser a última,  devido a esta mudança no mercado.

      “Na Nintendo costumamos fazer coisas que vão em contra do que é esperado, coisas que surpreendem. Por isso não posso estar de acordo com essa visão do futuro”, assente um sempre sorridente Miyamoto. “O certo é que os jogos tradicionais agora também estão disponíveis para iPhone e Android, o que nos faz pensar em criar novos tipos de jogos”, completa o criador, que declarou que teria gostado de ser o criador de Angry Birds, o bem-sucedido jogo para celulares.

      A aposta da Nintendo para esta nova frente é o Nintendo 3DS, um novo portátil que reproduz imagens em 3D sem a necessidade de óculos especiais. O console teve vendas decepcionantes no último verão, perseguiu as contas da empresa e foi o primeiro deslize no setor dos portáteis, que a empresa japonesa dominou sem problemas durante mais de duas décadas, desde o lançamento do Game Boy.

      Contudo, trás uma queda de preços e a aparição de títulos de grande demanda, como Super Mario Land 3D e um novo Mario Kart, o console recuperou seu impulso, conseguindo superar, inclusive, as vendas do antecessor em seu primeiro ano e deixou para trás as palavras que auguravam um futuro negro.  No campo dos consoles domésticos, a Nintendo está preparando para este ano o Wii U, cuja proposta se baseia em um controle em forma de tablet, com orientações tradicionais de movimento e uma tela tátil.




      Miyamoto acredita que os novos modos de jogo do Wii U não serão facilmente replicáveis por outro tipo de dispositivo, o que permitirá uma certa vantagem com relação à concorrência dos tablets. O criador adianta que na próxima E3, a feira mundial mais importante de games, que acontecerá em junho na cidade de Los Angeles, a Nintendo apresentará um novo Super Mario para essa plataforma, no qual se combinarão o monitor da TV com o controle do Wii U (que também será uma tela).

      “Estou trabalhando em vários projetos, mas acho que não posso falar de todos (ri). Alguns são pequenos, mas são importantes para o Wii U. Também estou trabalhando em um novo ‘Pikmin', que aproveitará as imagens de alta resolução do console, e em um Luigi’s Mansion para 3DS”, explica sobre os seus atuais trabalhos.

      Em uma carreira recheada de êxitos, Miyamoto também já teve alguns fracassos, como, por exemplo, o Wii Music, um simulador musical que não cumpriu as expectativas que o criador colocou nele. “Sempre resulta triste que algo não venda como você espera. Acho que estas experiências negativas sobre um projeto são uma espinha que fica cravada, por isso geralmente tento trabalhar a ideia de uma maneira melhor ou ao menos retomá-la e concretizá-la de um ângulo diferente em outro título."

      Confira abaixo uma entrevista que a UOL fez ao grande criador.


Esta matéria foi retirada do site El Mundo, para assistir o vídeo ou ler a matéria original em espanhol clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário